segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A FERRADURA...


A utilização da ferradura, para trazer boa sorte e manter o mal afastado, baseou-se em uma antiga e tradicional lenda cigana. Diz a lenda que um dia surgiram 4 demônios que se chamavam Infelicidade, Azar, Doença e Morte. Certa noite um cigano estava cavalgando no seu cavalo predileto, retornando para casa em meio à escuridão, quando, no instante em que atravessava uma ponte, os 4 demônios saíram do mato e iniciaram uma perseguição a ele. O cigano logo tratou de manter a dianteira, enquanto os 4 prosseguiram a caça, saltando as cercas e correndo velozmente pelas estradas. A perseguição era tanta que o Azar logo o alcançou. E a partir dai os dois cavaleiros, O Azar e o cigano, colocaram-se à frente dos outros 3 demônios até que, no momento exato em que ultrapassavam uma determinada estrada, a ferradura do cavalo do cigano se soltou. Acontece que a ferradura voou pelos ares e acabou atingindo a fronte do Azar, ferindo-o mortalmente. O cigano suspirou aliviado, parou para recolher a ferradura, e depois continuou a sua jornada de volta ao acampamento enquanto os outros 3 demônios agarravam o cadáver do irmão para o enterrarem.
Ao chegar ao acampamento, o cigano pregou a ferradura na porta do seu vardo e contou para toda a tribo a sua façanha de ter matado o Azar. No dia seguine, os 3 demônios restantes chegaram ao local, à procura do cigano; porém quando viram dependurada na porta do vagão aquela ferradura que havia matado o Azar, fugiram assustados com os rabos entre as pernas.
Toda vez que um cigano encontra no chão uma ferradura com a sua parte aberta voltada para ele, e com as suas chapinhas viradas para cima, ele a pega e lança de imediato para trás por cima do seu ombro esquerdo. Depois cospe e continua o seu caminho. Contudo, se a parte aberta da ferradura não estiver voltada para ele, tendo as duas chapinhas viradas para baixo, ele a dependura no galho de uma árvore das cercanias ou então a cerca com qualquer coisa para que a má sorte se afaste.
Depois cospe e segue em frente. Entretanto quando a fechadura está com a sua parte fechada voltada para ele (pouco importando se as chapinhas estão viradas para cima ou para baixo), é um sinal de boa sorte, e, caso seja o seu desejo, ele pode levá-la para casa e dependurá-la na sua porta. Mas, independente de a ter levado ou não para casa, a sorte lhe vai sorrir naquele dia. Aliás, para que as ferraduras possam atrair a boa sorte, elas devem ser dependuradas com a sua parte aberta para o alto e a fechada para baixo.

-Extraído de "Magia e Feitiçaria dos Ciganos", de Raymond Buckland

sábado, 15 de novembro de 2008

ANIVERSÁRIO DA RAINHA DAS ALMAS


No dia 14-11-08 comemorei o aniversário desta maravilhosa Pomba-Gira.
Para minha felicidade, muitos amigos compareceram.

A noite foi simplesmente maravilhosa!

Agradeço á todos pelo carinho,pela alegria e felicidade que trouxeram até este reino.

Reino do Pai Ogum e Mãe Iemanjá, na qual a Rainha das Almas tem o seu lugar de trabalho e honra também.

Salve as Almas!

"A amizade oferece oportunidades, lições que precisam ser aprendidas e ensinadas, seja nos difíceis como nos bons momentos, em qualquer situação sempre há algo que nos é revelado.

A amizade é o exercício dos princípios Divinos que devemos vivenciar para aprender estar em Harmonia com toda a Criação.

Bendita seja essa amizade, prova de que Deus se faz conhecer através das pessoas que alcançam nosso coração.

Agradeço ao Criador por me conceder os amigos; Mestres nas lições valiosas para compreender o significado que move a Vida chamado Amor... "

quinta-feira, 6 de novembro de 2008



As 7 lágrimas de um Preto Velho

Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto velho chorava. De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas deciam-lhe pelas faces, não sei porque contei-as…foram sete.

Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei. Fala meu Preto Velho, diz ao teu filho por que externas assim uma visível dor?
E ele, suavemente respondeu :

“Estás vendo esta multidão que entra e saí? As lágrimas contadas estão distribuidas a cada uma dela.”

- A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para sairem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber…
-A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.
-A terceira, distribui aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando prejudicar aos seus semelhantes.
-A quarta, aos frios e calculista que sabem que existe uma força espiritual, e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma, e não conhecem a palavra gratidão.

-A quinta, aos que chegam suave, com risos, o elogio na flor dos lábios, mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: “Creio na Umbanda, nos teus cabocolos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso ou me curarem disso ou daquilo.”

-A sexta, eu dei aos fúteis que vão de centro em centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.

-A sétima, filho, nota como foi grande e como deslizou pesada: Foi a última lágrima, aquela que vive nos “olhos” de todos os Orixás. Fiz a doação dessas aos médiuns vaidosos, que só aparecem no centro em dia de festa e faltam as doutrinas. Esquecem, que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.

Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma as sete lágrimas de Preto Velho.

domingo, 2 de novembro de 2008

FINADOS


DIA DE FINADOS, DIA DOS MORTOS, DIA DOS CULTO AOS ANCESTRAIS
Desejo que o dia 02 de novembro seja aproveitado para reflexões, meditações e muita oração, aos nossos queridos entes, nossos ancestrais tantos dos vínculos consagüineos quanto antepassados aos do nosso ritual, aos nossos amigos que já fizeram a passagem e a vida.

O ritual de "Almas e Angola" a força que nos conduz, que nos ensina que partimos das formas mais densas, mais brutas, para as mais sutís, para as mais perfeitas.

Tenhamos que a RELIGIÃO de Umbanda, dirige-se a DEUS (ZAMBI), através dos Orixás, apoiando-se, é óbvio, nas ALMAS e sem as ALMAS nada se faz.

A VIDA PRESENTE DEPENDE DA VIDA PASSADA DE NOSSOS ANCESTRAIS.


Ancestralidade

Ouça no vento
O soluço do arbusto:
É o sopro dos antepassados.
Nossos mortos não partiram.
Estão na densa sombra.
Os mortos não estão sobre a terra.
Estão na árvore que se agita,
Na madeira que geme,
Estão na água que flui,
Na água que dorme,
Estão na cabana, na multidão;
Os mortos não morreram...
Nossos mortos não partiram:
Estão no ventre da mulher
No vagido do bebê
E no tronco que queima.
Os mortos não estão sobre a terra:
Estão no fogo que se apaga,
Nas plantas que choram,
Na rocha que geme,
Estão na casa.
Nossos mortos não morreram.

BIRAGO DIOP (POETA AFRICANO)